Salve, Conceição Evaristo: Mulher preta, imortal da Academia Mineira de Letras

O Projeto Imersão Literária, Saúda, Conceição Evaristo a primeira mulher preta a ocupar uma cadeira na Academia Mineira de Letras em 115 anos de existência.


“Estar aqui faz com que eu traga a história de outras mulheres impedidas de estar aqui. Mas, ao mesmo tempo, eu não me iludo e quero chamar a atenção sobre isso. Alguma coisa há pra se arrumar na sociedade brasileira, para não ser mais uma exceção uma mulher negra chegar na Academia Mineira de Letras, ou em outras academias, ou em outros espaços de poder”.
Conceição Evaristo

No dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, Conceição Evaristo tornou-se imortal da Academia Mineira de Letras (AML). Conceição Evaristo é a primeira mulher preta a ocupar uma cadeira na Academia Mineira de Letras em 115 anos de existência.

Aos 77 anos Conceição Evaristo é reconhecida por transcender através da arte textual, temas como a memória, ficção, poesia, e especialmente a "escrevivência" afro-brasileira, um termo que ela usa para descrever a escrita que emerge da vivência e da experiência africana no Brasil.

As obras da poeta são amplamente discutidas e celebradas em eventos acadêmicos e literários no Brasil e no mundo. Tal reconhecimento destaca sua contribuição à literatura afro-brasileira.

Das mãos do amigo ambientalista e filósofo Ailton Krenack, e imortal da Academia Brasileira de Letras, Conceição Evaristo recebeu o distintivo da Academia Mineira de Letras.

“Ela já influencia a partir daqui, desses gestos da Academia Mineira de Letras, um pensamento mais amplo sobre a produção de saberes, de conhecimento no Brasil e como que ele se expressa na literatura, nas várias literaturas", destaca Ailton Krenack.

https://www.gov.br/palmares/pt-br/assuntos/noticias/conceicao-evaristo-e-consagrada-nova-imortal-pela-academia-mineira-de-letras
 
 

Disponivel para empréstimo na sala de leitura

Resenha - Olhos D'água (Conceição Evaristo)

Publicada em 2014, a obra é composta por quinze contos que abordam a história de personagens negras silenciadas pelo racismo, pelas imposições econômicas, por condições degradantes de trabalho e pelas...

Como destaca a própria autora, sua escrita se destaca pela “escrevivência”, uma prosa que expressa suas experiências de vida e vivências sociais, propiciando uma multiplicidade de tipos de personagens que vocalizam suas visões de mundo numa perspectiva dos de baixo, dos excluídos, dos que vivem à margem da sociedade, sujeitos ativos que, mesmo vivenciando condições precárias de trabalho e de sociabilidade, lutam pelo protagonismo de suas próprias vidas e histórias.

Conceição Evaristo vivenciou essas situações, da infância pobre ao trabalho doméstico até os 25 anos, quando concluiu o Ensino Médio. Também sentiu na pele a sua condição de mulher negra e, de alguma forma, tais experiências estão presentes em muitas das personagens femininas do livro.As personagens dos contos são, em sua maioria, mulheres negras e periféricas, avós, mães, esposas, filhas, trabalhadoras, que nos mostram a multiplicidade dos lugares das mulheres e seus papéis sociais, muitas vezes marcadas pela violência e submissão e, ao mesmo tempo, pela resistência, pela ocupação de outros espaços, de outras formas de ser que façam frente a esses condicionamentos sociais.



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