Clássicos da Literatura Brasileira: Rubem Braga


“Não sou homem de inventar coisas, mas de contá-las.”
Rubem Braga


Rubem Braga foi um dos mais famosos cronistas brasileiros. Ele nasceu em 12 de janeiro de 1913, em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo. Mais tarde, morou em algumas cidades do Brasil e no exterior, onde trabalhou como jornalista. Também foi embaixador do Brasil na África.

O escritor, que faleceu em 19 de dezembro de 1990, na cidade do Rio de Janeiro, escreveu crônicas marcadas pela objetividade. Nelas, falou de vários assuntos, como futebol, e também escreveu textos de caráter memorialístico. Seu primeiro livro publicado foi O conde e o passarinho, de 1936. 

Crônica enquanto gênero textual híbrido, em que a linguagem transita entre o literário e o jornalístico. Valorização da subjetividade como meio de conquistar os leitores. Análise qualitativa das crônicas de Rubem Braga e do poder que a linguagem do gênero tem de comunicar e de interagir com o leitor.

Vamos relembrar algumas questões que apresentaram crônicas de Rubem Braga em provas do ENEM.

Exercícios sobre a crônica
A crônica se define como um texto curto, geralmente constituído de poucos personagens e retratado num espaço e tempo reduzidos.
1- (Enem – 2008)

São Paulo vai se recensear. O governo quer saber quantas pessoas governa. A indagação atingirá a fauna e a flora domesticadas. Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos a números e invertidos em estatísticas. O homem do censo entrará pelos bangalôs, pelas pensões, pelas casas de barro e de cimento armado, pelo sobradinho e pelo apartamento, pelo cortiço e pelo hotel, perguntando:

— Quantos são aqui?

Pergunta triste, de resto. Um homem dirá:

— Aqui havia mulheres e criancinhas. Agora, felizmente, só há pulgas e ratos.

E outro:

— Amigo, tenho aqui esta mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas. Tome nota dos seus nomes, se quiser. Querendo levar todos, é favor... (...)

E outro:

— Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê. Mas ela está aqui, está, está! A sua saudade jamais sairá de meu quarto e de meu peito!


(Rubem Braga. Para gostar de ler. v. 3. São Paulo: Ática, 1998, p. 32-3 (fragmento).
O fragmento acima, em que há referência a um fato sócio-histórico — o recenseamento —, apresenta característica marcante do gênero crônica ao:

a) expressar o tema de forma abstrata, evocando imagens e buscando apresentar a ideia de uma coisa por meio de outra.

b) manter-se fiel aos acontecimentos, retratando os personagens em um só tempo e um só espaço.

c) contar história centrada na solução de um enigma, construindo os personagens psicologicamente e revelando-os pouco a pouco.

d) evocar, de maneira satírica, a vida na cidade, visando transmitir ensinamentos práticos do cotidiano, para manter as pessoas informadas.

e) valer-se de tema do cotidiano como ponto de partida para a construção de texto que recebe tratamento estético.

Infere-se como alternativa adequada ao enunciado da questão a letra “E”, visto se tratar de um gênero que capta flagrantes da vida real e que, diante da habilidade do escritor, torna-se relatado de forma poética, podendo se apresentar desde a forma cômica até àquele texto que nos instiga a uma reflexão mais aprofundada.




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